O ligamento colateral lateral é o principal ligamento do lado lateral (externo) do joelho. Lesões deste ligamento que resultem em instabilidade podem precisar de tratamento cirúrgico.
O ligamento colateral lateral (LCL), também conhecido como ligamento colateral fibular, é o principal ligamento da face lateral, ou externa, do joelho. O LCL é o principal responsável pela estabilidade do joelho para fora, ou seja, o movimento em varo do joelho.
O complexo ou canto posterolateral do joelho é formado pelo ligamento colateral lateral em conjunto com outras estruturas de estabilização: o tendão do músculo poplíteo, o ligamento poplíteo fibular. Também fazem parte deste complexo outros ligamentos menores e a cápsula articular, que em conjunto formam o complexo arqueado do joelho.
Vista de frente e de lado do joelho, mostrando o ligamento colateral lateral (LCL) em roxo. Adicionalmente, na vista de perfil, estão apontadas outras estruturas importantes da face lateral do joelho: o tendão do músculo poplíteo e o ligamento poplíteo-fibular. Estas três são as principais estruturas do canto posterolateral do joelho.
A lesão do ligamento colateral lateral do joelho ou do canto posterolateral do joelho ocorrem com traumas que forçam o joelho para fora (traumas em varo). Isto pode ocorrer tanto traumas diretos (pancada de dentro para fora) quanto indiretos (torção do joelho). A lesão pode ser resultado de traumas esportivos, quedas, acidentes de trânsito, entre outros.
É frequente que a lesão do ligamento colateral lateral ou do canto posterolateral não ocorram isoladamente, mas combinadas com lesão de outros ligamentos, como o ligamento cruzado anterior e ligamento cruzado posterior do joelho.
Trauma em varo (forçando joelho para fora) levando à lesão do ligamento colateral lateral do joelho.
A lesão do ligamento colateral lateral do joelho, ou do canto posterolateral do joelho, provocam dor na parte externa (face lateral) do joelho, após um trauma, além de inchaço no joelho. A dor em geral é forte, pode haver dificuldade para andar, apoiar o pé no chão ou mexer o joelho. Para lesões instáveis, pode haver sensação de frouxidão, falseio ou falta de confiança no joelho. Em lesões crônicas, há melhora da dor e inchaço, porém a sensação de instabilidade pode persistir.
O diagnóstico da lesão do ligamento colateral lateral, ou canto posterolateral do joelho, é feito pela avaliação médica da história e exame físico do paciente, em combinação com exames complementares.
O exame físico é de especial importância, para determinar se há instabilidade do joelho. O médico verifica, com manobras manuais, se há excesso de movimentação entre os ossos do joelho.
A ressonância magnética permite identificar a lesão das estruturas ligamentares laterais, principalmente para lesões agudas, além de avaliar lesões associadas, como dos ligamentos cruzados anterior e posterior, meniscos e cartilagem. Porém, a ressonância não permite avaliar a estabilidade da lesão, elemento essencial para definir o tratamento.
Já para a quantificação e documentação da instabilidade, podem ser utilizadas radiografias com estresse, em que a imagem é feita enquanto é aplicada força no joelho.
Manobra de exame físico do estresse em varo do joelho, usada para avaliar a estabilidade do ligamento colateral lateral e canto posterolateral do joelho
Radiografia com estresse demonstrando espaço anormal no compartimento lateral do joelho, compatível com lesão do canto posterolateral do joelho e ligamento colateral lateral. As medidas são comparadas com imagens do outro joelho.
Anatomicamente, as lesões ligamentares podem ser divididas em graus: grau 1 sendo estiramento; graus 2, uma lesão parcial, com preservação de parte das fibras ligamentares; e grau 3, uma lesão completa, de todas as fibras ligamentares.
Porém, na prática clínica, a classificação mais relevante para definir o tratamento é a que divide as lesões em estáveis ou instáveis.
Lesões estáveis são aquelas em que a função do ligamento está preservada, ou seja, não há um aumento da frouxidão ou movimento normal entre os ossos. Já nas lesões instáveis, a função do ligamento está comprometida.
A estabilidade de uma lesão é avaliada pelo exame clínico médico e por radiografias com estresse (veja acima).
O tratamento da lesão do ligamento colateral lateral ou do canto posterolateral do joelho pode ser com ou sem cirurgia.
Lesões estáveis, ou seja, que não provocam instabilidade no joelho, são tratadas sem cirurgia. Isto inclui os estiramentos e a maior parte das lesões parciais. A depender do quadro clínico e intensidade da lesão, o tratamento pode incluir um período de imobilização ou proteção. Muletas podem ser úteis em caso do paciente estar mancando, com dificuldade para andar com um bom padrão de movimento.
Reabilitação com fisioterapia é essencial, para restabelecer a mobilidade, força muscular, equilíbrio e padrões adequados do movimento, além de preparar para o retorno às atividades físicas e esportivas.
Já lesões instáveis, em que há frouxidão ou movimentação anormal do joelho, são tratadas com cirurgia na maioria dos casos (veja baixo).
Reabilitação é parte essencial do tratamento das lesões ligamentares do joelho, independentemente da necessidade ou não de cirurgia
O tratamento cirúrgico moderno para as lesões do ligamento colateral lateral, ou do canto posterolateral do joelho, envolve a reconstrução das estruturas comprometidas. Ou seja, o uso de enxerto de tendão, retirado do próprio paciente, ou de banco de tecidos, para fazer novos ligamentos.
A depender da lesão, a reconstrução pode ser do ligamento colateral lateral isolado, ou das três estruturas principais do canto posterolateral: ligamento colateral lateral, o tendão do músculo poplíteo e o ligamento poplíteo-fibular.
Técnica anatômica para reconstrução do ligamento colateral lateral e canto posterolateral do joelho, com o uso de enxertos de tendão.