Os cuidados para uma boa recuperação após cirurgia do Joelho, podem ser tão importantes quanto a própria cirurgia para um bom resultado do tratamento. Além disso, a recuperação após a cirurgia pode ser uma grande preocupação de quem vai passar por um procedimento. As principais dúvidas são com relação à dor, ao tempo de retorno às atividades do dia-a-dia, e ao tempo de retorno a atividades físicas e esportivas. Veja a seguir as respostas dessas e outras perguntas sobre recuperação da cirurgia do joelho.
Se você irá passar por uma cirurgia com o Dr. Pedro, veja também o nosso guia prático e resumido de orientações para cirurgia.
Sentir dor forte após uma cirurgia pode ser uma grande preocupação.
A boa notícia é que existem métodos modernos eficazes para controlar a dor após uma cirurgia do joelho. Ou seja, apesar de ser normal algum grau de desconforto, não deve haver dor descontrolada após cirurgia do joelho.
Para atingir esse objetivo, uma combinação de técnicas de anestesia regionais e locais, diferentes classes de medicações, além de métodos não medicamentosos de controle de dor.
O bom controle da dor é essencial para permitir caminhar no dia da cirurgia, uma alta rápida do hospital e início precoce e eficiente da reabilitação funcional.
O retorno rápido da mobilidade e capacidade de andar é uma prioridade da cirurgia do joelho moderno.
Em praticamente todas as cirurgias do joelho, o paciente coloca o pé no chão e anda no próprio dia da cirurgia, e para isso, frequentemente são usadas muletas ou andador. Ficar acamado, ou restrito a uma cadeira de rodas, não é rotina nas cirurgias modernas do joelho.
Porém, o peso que é possível colocar no membro operado varia. Há cirurgias que permitem carga total imediata, outras, descarga parcial do peso, e, por fim, uma minoria que permite o toque do pé, mas sem descarga do peso.
Exemplos de desprendimento de carga permitido para algumas cirurgias do joelho:
O tempo da restrição de carga é variável. Em algumas cirurgias, assim que houver capacidade de andar sem mancar, com bom controle muscular, a carga parcial sem auxílio é permitida. Em outras, é necessário aguardar o tempo de cicatrização interno do joelho, e as restrições de carga podem um tempo fixo como 6 semanas, por exemplo.
Veja abaixo sobre o uso de dispositivos de auxílio (como muletas, bengala, andador).
O uso de dispositivos de auxílio de marcha (como muletas ou andador) é utilizado em grande parte das cirurgias do joelho.
Isto porque não é desejável andar mancando. Então, até isto ser possível, o uso dos dispositivos permitem uma marcha segura, sem desequilíbrios, sem sobrecarregar outras articulações e sem criar adaptações indesejáveis do movimento.
Há também algumas cirurgias que não permitem apoiar todo o peso, e o uso de muletas vai permitir manter a mobilidade, ao mesmo tempo cumprindo a restrição de carga (ver acima)
Por outro lado, em algumas cirurgias muito pouco invasivas, como artroscopias para meniscectomia, é possível andar sem mancar e sem a necessidade de dispositivos de apoio.
Muletas, andadores e bengalas são dispositivos de auxílio à marcha que podem ser usados após cirurgia do joelho.
Existe uma tendência de inchaço do joelho após uma cirurgia. A intensidade do inchaço varia com o tamanho do procedimento: tende a ser pequeno nas cirurgias menores e minimamente invasivas, e maior nas cirurgias abertas grandes.
O momento de maior inchaço ocorre em geral entre 5 e 7 dias da cirurgia. São cuidados que podem ser úteis na primeira semana:
Aplicação de bolsa de gelo diminui o inchaço e dor após cirurgia do joelho. Deve ser feito várias vezes ao dia. O gelo não deve ser aplicado diretamente na pele, ou por mais de 20 minutos, para evitar queimaduras.
A grande maioria das cirurgias do joelho atualmente não precisam de imobilização, e o movimento de dobrar o joelho é livre, de acordo com o conforto. Em algumas cirurgias, como para luxação de patela e sutura de menisco, a imobilização é utilizada para andar e dormir, mas os movimentos do joelho são permitidos na fisioterapia. Imobilização completa, mantendo o joelho esticado 100% do tempo, é utilizada raramente.
Nas cirurgias que necessitam de alguma imobilização, um imobilizador removível, fechado com velcro, é utilizado. Existem imobilizadores fixos e articulados. Estes últimos podem ser destravados para permitir movimentos de dobrar o joelho, mantendo a estabilidade nos outros planos.
Imobilizador fixo ou articulado para o joelho
Na maioria das cirurgias do joelho, não existe restrição do posicionamento após a cirurgia, e é permitido buscar a posição mais confortável. Mexer-se constantemente, evitando manter uma única posição por muito tempo, pode aumentar o conforto.
Porém, uma orientação é essencial: é importante esticar o joelho, estimulando a ativação do músculo da coxa e alongamento dos tendões de trás da articulação. Portanto, não se deve ficar o tempo todo com um travesseiro embaixo do joelho: essa pode ser uma posição confortável, mas que pode atrapalhar o objetivo de atingir a extensão total do joelho.
Fisioterapia de altíssima qualidade é primordial para a recuperação após cirurgia do joelho. A fisioterapia deve começar rapidamente após o procedimento: já dentro do hospital. Após ir para casa, ela deve ser retomada no máximo alguns dias depois.
Começar a fisioterapia precocemente vai dar mais mobilidade, confiança, independência e conforto ao paciente, além de ajudar no retorno mais precoce para as atividades do dia-a-dia.
Os objetivos da fisioterapia importantes imediatamente logo após uma cirurgia são: ativação da musculatura inibida no pós-operatório, manutenção da capacidade de esticar completamente o joelho, treino para caminhar corretamente (com ou sem dispositivos de auxílio), evitar a formação de tensões ou contraturas musculares, estimular a circulação sanguínea.
Os exercícios importantes para uma boa recuperação após cirurgia do Joelho, serão orientados pela equipe médica e de fisioterapia. Para a maioria dos pacientes, incluem:
Toda cirurgia tem algum tipo de corte, que podem ser pequenos, no caso de procedimentos minimamente invasivos, ou maiores, em cirurgias abertas de grande porte. Esses cortes devem ser protegidos pelo uso de curativos, até estarem cicatrizados o suficiente.
A frequência da troca dos curativos pode ser variável, a depender das rotinas da equipe cirúrgica.
Em geral, curativos limpos, ou com apenas pequenas gotas, sem estarem saturados de sangue ou umidade, podem permanecer alguns dias antes de serem trocados. Uma rotina conveniente é fazer as trocas dos curativos iniciais no consultório, permitindo a inspeção dos cortes pelo médico. No caso de curativos sujos, saturados ou retirados acidentalmente, é importante entrar em contato com a equipe para orientações. Sempre avise o médico ou sua equipe em caso de dúvidas!
Os curativos não devem ficar com umidade excessiva, portanto devem ser protegidos no banho. Mesmo curativos modernos, que são adesivos e impermeáveis, podem se descolar progressivamente ao serem molhados no banho repetidamente. Uma forma prática de protegê-los durante o banho é com o uso de plástico filme, do mesmo tipo usado para embrulhar alimentos.
Quando os cortes já estiverem com um bom andamento da cicatrização, o paciente pode ser liberado para a troca de curativos em casa, em geral após a segunda semana. Como rotina, não há necessidade de passar nenhum produto especial, como anti sépticos, que podem ser irritativos. A limpeza do corte pode ser feita com água corrente limpa ou soro fisiológico. Isto pode ser feito no próprio banho, desde que não haja imersão na água (como em uma banheira ou piscina). Curativos simples ainda devem ser feitos enquanto o corte não estiver totalmente cicatrizado, para proteger do atrito da roupa ou contaminação acidental.
Pontos internos, que não precisam ser retirados, podem ser utilizados na maioria das cirurgias do joelho. Além do conforto de não precisarem ser retirados, esse tipo de ponto ajuda a melhorar o resultado estético da cicatriz. Colas cirúrgicas especiais também podem ser utilizadas.
Quando pontos externos são utilizados, são retirados em torno de duas semanas após o procedimento, dependendo da avaliação médica.
Não há nenhuma restrição alimentar específica para uma boa recuperação após uma cirurgia do joelho: todos os alimentos são permitidos. Porém, algumas orientações alimentares são úteis.
Uma boa hidratação é importante, já que o corpo perde líquido após uma cirurgia. Aumentar a ingestão de líquido diminui a chance de sensação de tontura ou náusea.
Além disso, a lentificação do intestino é comum após a cirurgia, por conta das medicações e diminuição das atividades. Portanto, para evitar constipação, é indicada uma dieta laxativa, com cereais, frutas e outros alimentos que promovam o trânsito intestinal.
O retorno ao trabalho depende do tipo de atividade exercida e do porte da cirurgia: devem ser respeitados os limites físicos e de mobilidade de cada fase do pós-operatório, assim como o conforto do paciente. Deve haver um balanço entre o desejo de retornar rapidamente para as atividades produtivas com a necessidade de estar dedicado à recuperação da cirurgia no período inicial. É importante discutir com o médico antes do procedimento a previsão de retorno ao trabalho para a situação específica da ocupação e tipo de cirurgia.
Para atividades à distância, ou em home office, o retorno pode ser rápido, logo após voltar da internação hospitalar, desde que o paciente esteja confortável e bem disposto.
Para atividades sedentárias, porém que necessitam de transporte até o local de trabalho, o retorno deve ser quando o trajeto normal até esse local seja confortável, normalmente entre dias até duas semanas.
Para atividades de trabalho que demandam fisicamente, como necessidade de estar em vários locais ao longo do dia ou trabalho em pé, por exemplo, o retorno ao trabalho pode demorar algumas semanas, dependendo do porte e restrições do procedimento específico.
Voltar a dirigir após uma cirurgia do joelho depende do retorno do controle da musculatura e mobilidade suficiente para o acionamento dos pedais com segurança, mesmo em uma eventual situação de emergência no trânsito. Essa avaliação deve ser individualizada, ocorrendo na maioria das vezes entre 4 a 6 semanas. No caso de carros automáticos, o retorno à direção pode ser mais rápido se o joelho operado for o esquerdo.
O retorno às atividades físicas após procedimentos do joelho deve ser progressivo e individualizado.
Para algumas cirurgias, o determinante é a evolução da capacidade física e funcional com a reabilitação, e o paciente pode voltar a atividades físicas e esporte assim que fisicamente apto. Já outros procedimentos necessitam de um período de proteção determinado, e a progressão da reabilitação e o retorno ao esporte precisam esperar períodos mínimos.
A liberação para diferentes atividades deve ser feita em conjunto pela equipe médica e de fisioterapia, levando em conta a evolução do procedimento e da capacidade funcional.
A condição física e esportiva antes do procedimento, também influencia muito para uma boa recuperação após cirurgia do joelho. Pacientes com limitações físicas intensas antes do tratamento, principalmente as crônicas, tendem a ter um retorno às atividades mais lento que aqueles que estavam bem condicionados e ativos até o momento do procedimento.
Outro fator a ser considerado é o objetivo de cada paciente. Muitos desejam voltar para atividades físicas leves para promoção de saúde, outros, para esporte amador de moderada intensidade, e, por fim, aqueles que retornarão para esporte competitivo, de alta performance. Esses diferentes objetivos pautam a reabilitação e a programação de retorno às atividades físicas.
A progressão do retorno ocorre conforme a intensidade e demanda de cada atividade ao joelho. Um atleta que vai voltar a jogar tênis, por exemplo, pode seguir a seguinte sequência de retorno após uma cirurgia: bicicleta ergométrica, caminhadas em esteira, fortalecimento muscular na academia, corrida em esteira, treinos técnicos e de gesto esportivo, treinos em quadra, jogo de tênis. Todo o processo deve ser acompanhado por médico e fisioterapeuta, e o retorno ao treinamento e esporte, adicionalmente pelo treinador.
Com todas essas considerações, não é difícil entender que o período de retorno ao esporte pode variar muito, de poucas semanas até muitos meses.
O treinamento do gesto esportivo faz parte da reabilitação para retorno ao esporte, envolvendo equilíbrio, coordenação e técnica correta.
São sinais de alerta para contato imediato com equipe médica:
Além de se informar sobre uma boa recuperação após cirurgia do joelho, confira sobre a reabilitação das principais cirurgias para problemas no joelho:
Procure um especialista em joelho de confiança. O conteúdo desse artigo, sobre a recuperação após cirurgia do joelho, é apenas informativo, e recomendações médicas devem ser individualizadas.
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